Mais uma vez, 13º de aposentados será adiantado

(Por Nathália Sousa)

Fé Juncal acredita que o adiantamento seja reflexo da crise e do endividamento gerados na pandemia

O 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS será pago a partir do dia 25 deste mês. Mais uma vez, o pagamento vai acontecer no meio do ano, medida adotada em 2020, por conta da pandemia, mas que parece ter vindo para ficar.

De acordo com especialista, no entanto, na realidade jundiaiense, o adiantamento surte pouco efeito em relação à movimentação do mercado. No município, de acordo com o INSS, o ano de 2022 terminou com 67 mil aposentados e outras 27 mil pessoas que recebem algum outro auxílio.

Economista, Mariland Righi diz que o pagamento adiantado acontece por uma certa conveniência.

“O governo não tem o que fazer com o dinheiro até o fim do ano, então pagam já. Considerando Jundiaí, as aposentadorias dão entre 6% e 7% da massa salarial da cidade. Jundiaí tem aproximadamente 180 mil trabalhadores, então é massa salarial grande, mas, para o mercado, não é muito relevante. Uma boa parte vai para a poupança e outra boa parte que é usada no consumo. O comércio sente pouco este adiantamento.”

Para Mariland, este “costume” de pagar o 13º no meio do ano pode continuar. “Pode ter o hábito, a propensão de pagar no meio do ano. Para o governo, não é muito diferente.”

Já com relação ao aumento do salário mínimo, o economista também define como irrelevante para o mercado.

“Na verdade, o salário mínimo foi reduzido, porque a inflação comeu mais do que os R$ 18 de aumento, então teve redução. R$ 1.320 já vale menos que os R$ 1.302 no início do ano.”

Neste ano, o salário mínimo teve R$ 108 de aumento, dos R$ 1.212 pagos em 2022 para R$ 1.320 agora. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação geral de janeiro a março deste ano foi de 2,09% e de 4,65% nos últimos 12 meses.

PLANEJAMENTO

Presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí e Região, Fé Juncal acredita que a antecipação ocorra ainda por conta da pandemia.

“O governo decidiu antecipar por conta dos últimos três anos. As pessoas necessitaram do dinheiro porque teve desemprego e o benefício sustentou muitas famílias. Neste ano, não temos a crise, mas ainda temos consequências, como o endividamento. Trazer o 13º para o primeiro semestre atende a colocação de dinheiro no mercado e os aposentados endividados.”

Para Fé, o 14º salário seria solução para o fim do ano. “O tão conhecido e não realizado 14º salário, que é o abono, não tem motivo para não voltar a essa discussão. Para quem recebe um salário mínimo, a vida está difícil. Seria melhor receber em agosto e novembro, mas não podemos negar a realidade das famílias do país”, explica.

Para ela, o adiantamento não seria um “costume”. “Não entendemos que houve costume, essa liberação em 2023 é também para inserir dinheiro no mercado, porque as famílias estão precisando.”

“Será que vai ser oficial o pagamento no meio do ano? Esperamos que não. Não concordamos que os recursos de aposentadoria sejam usados para injetar dinheiro no mercado e esperamos que em 2024 o 13º volte ao calendário normal e a taxa de juros baixe”, acrescenta.

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