Câncer de mama antes dos 40 já é mais de 10% do total em Jundiaí

Em Jundiaí, de acordo com a Unidade de Gestão de Promoção da Saúde, o número de mulheres que tem menos de 40 anos e recebe o diagnóstico do câncer de mama no SUS da cidade oscilou entre 9% e 13% do total de casos da doença nos últimos cinco anos. Neste ano, dos 50 novos casos de câncer de mama detectados até o momento na rede pública de saúde, três foram de mulheres abaixo de 40 anos.

O Jornal de Jundiaí também questionou sobre a idade das mulheres diagnosticadas em 2013 e em 2018, para efeitos de comparação, mas a UGPS informou que não pôde obter os números. A pasta ressalta, porém, que é uma tendência mundial ocorrer o aumento do número de casos de câncer de mama, nem tanto pelo fator genético, mas pelo estilo de vida: estresse, má alimentação e sedentarismo.

No cenário nacional, o Observatório do Câncer, que reúne dados dos pacientes tratados no A.C. Camargo Cancer Center, referência no tratamento da doença no Brasil, entre os anos de 2000 e 2020, números mostram que o número de casos de câncer de mama em mulheres jovens (abaixo dos 40 anos) é de 11,9%. Já uma pesquisa internacional, publicada no jornal científico de medicina JAMA, apontou um aumento de 19,4% nos diagnósticos de câncer de mama em americanas de 30 a 39 anos, entre os anos de 2010 e 2019, e, no mesmo período, o aumento entre mulheres de 20 a 29 anos foi de 5,3%.

Jovens

Uma das mulheres que contrariaram a tendência da doença é a dentista Mariana Granero Santos Biliero, que descobriu um câncer de mama aos 31 anos, em abril do ano passado. Hoje, com 32 anos, Mariana conta que o diagnóstico foi um choque muito grande, pois não tinha casos de câncer de mama na família. “Eu sempre fiz a palpação mamária e, em 2021, senti um nódulo na mama esquerda. Solicitei exames de mamografia e ultrassom de mama para o médico, mas ele me orientou a fazer acompanhamento a cada seis meses.”

“Insatisfeita com a conduta do médico, procurei outra médica, que me orientou a fazer ressonância magnética. Na ressonância, foi detectado um nódulo na minha mama direita também. Fiz a biópsia em ambas mamas. Na mama esquerda, o nódulo não apresentava risco, mas na mama direita havia alteração das células, a ‘atipia celular’. A médica me encaminhou com urgência para o mastologista, que repetiu a mamografia e o ultrassom de mamas e me encaminhou para cirurgia às pressas”, relata.

Depois do procedimento cirúrgico, Mariana precisou passar pelos tratamentos, que duram até hoje. “A quimioterapia foram quatro sessões, de junho a setembro de 2023. A imunoterapia foram 18 sessões, de junho de 2023 a julho deste ano. Fiz também 18 sessões de radioterapia, entre novembro e dezembro de 2023. Ainda estou em tratamento, fazendo bloqueio hormonal com Tamoxifeno e Triptorrelina”, diz ela sobre o tumor, que era um carcinoma Ductal in Situ.

Em pleno Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, a dentista lembra sobre a importância do autoexame e dos exames complementares sempre. “Graças a Deus descobri precocemente, e é por isso que eu aconselho todas as pessoas a fazerem exames de rotina, não só em outubro. A nossa saúde precisa estar em primeiro lugar. Precisamos ter consciência, prevenção e cuidado, se conhecer, se cuidar e se amar. A prevenção é fundamental para o câncer de mama. Façam o autoexame, exijam exames complementares, mamografia, ressonância magnética, biópsia. Muitas vezes, a doença ainda está no início e, através desse diagnóstico, o prognóstico é melhor. E, se ficar insatisfeito com a conduta do seu médico, procure outras opiniões.”

E para as mulheres que recebem o diagnóstico, Mariana deixa o incentivo para a batalha. “Para você que está lendo, e passando pelo mesmo processo, não desista, aceite, tudo passa! Eu sei que é difícil, mas se agarre em Deus e nos propósitos que Ele tem para a sua vida. Valorize quem você tem por perto. Pode ter certeza que você irá sair dessa fase muito mais forte. ‘Em tempos assim, você aprende a viver de novo’.”

Rastreio

Em Jundiaí, a mamografia é feita em mulheres a partir de 40 anos anualmente e também em casos onde são consideradas particularidades, como o risco aumentado para os antecedentes familiares. Segundo recomendação do Ministério da Saúde, o exame tem de ser feito a partir de 50 anos e a cada 2 anos.

A própria paciente, a partir dos 40 anos, pode manifestar interesse em fazer o exame, que é realizado no Hospital Universitário (HU)/ICON ou na AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa), por meio de agendamento prévio.

Ainda segundo a UGPS, após a detecção de alteração em exames, a paciente recebe atendimento no Ambulatório da Saúde da Mulher, com o estadiamento e o plano terapêutico, havendo acompanhamento com mastologista, em conjunto com a equipe de oncologia do Hospital São Vicente. A quimioterapia, a radioterapia e a hormonioterapia são realizadas no HSV. Durante todo o tratamento, a paciente também passa por equipe multiprofissional, incluindo os cuidados psicossociais.

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