De choques na rede elétrica, atropelamentos, caça e tráfico, os animais silvestres têm aparecido com frequência na área urbana e nem sempre em boas condições. Só este ano, segundo dados da Ong Mata Ciliar, já foram 1.194 animais silvestres recebidos, sendo 93 só em outubro. As espécies mais comuns acolhidas pelo centro de reabilitação foram maritacas (200), gambás-de-orelha-branca (148) e gambás-de-orelha-preta (134), resgatados por instituições, corporações ou até mesmo munícipes.
De acordo com Jorge Bellix de Campos, presidente da Associação Mata Ciliar, os motivos que levam os animais a chegarem até o local são diversos, mas principalmente por conta de choques em redes elétricas, atropelamentos, caça ilegal e até tráfico. “Nesta época do ano há também um aumento natural no número de filhotes, já que é período de reprodução para gambás, ouriços e várias espécies de pássaros, como a própria maritaca”, explica.
O avanço desordenado das áreas urbanas tem pressionado cada vez mais os habitats naturais. “Os centros urbanos estão invadindo os espaços dos animais. Alguns conseguem se adaptar e encontram abrigo e alimento nas cidades, então acabam ficando por aqui. Outros perdem completamente a referência de território e saem à procura de novos locais. Queimadas e fogos de artifício também contribuem para o deslocamento desses animais para áreas urbanas”, completa.
O biólogo Alexandre Vaccaro também observa que o cenário é reflexo direto da perda de áreas verdes. “Cada ano que passa temos menos reservas, o que reduz o espaço para a vida silvestre. Como a população cresce, os animais também. E em períodos de seca ou queimadas, a busca por água e comida os leva até a cidade”, analisa.
Vaccaro ressalta ainda que algumas espécies, como os gambás, exercem um papel essencial no equilíbrio ecológico. “Eles ajudam no controle de pragas urbanas, como escorpiões e baratas. Esses animais estão apenas tentando sobreviver até que seus habitats naturais estejam recuperados e possam retornar ao seu espaço de origem.”
Resgate
Em Jundiaí, a Divisão Florestal da Guarda Municipal tem sido uma das responsáveis por atender as ocorrências e resgatar animais silvestres em ambientes urbanos ou situações de perigo. Segundo dados da corporação, entre janeiro e setembro de 2025, foram atendidas 442 ocorrências de retenção de animais silvestres. A maior parte dos resgatados são filhotes de gambás e aves, especialmente maritacas.
A corporação reforça que, ao encontrar um animal silvestre, a população deve entrar em contato pelo telefone 153 para que seja garantido o manejo adequado e seguro para todos.