novembro 25, 2024
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Em outubro, a quantidade de chuvas em Jundiaí foi maior do que a média histórica, calculada desde 2012. Ainda assim, segundo Boletim Hidrológico do Consórcio PCJ, a vazão do rio Jundiaí, que costuma ser de 8,23 m³/s no mês, foi de apenas 6,65 m³/s neste ano. Isso mostra que, mesmo com mais chuva, a precipitação irregular não vem sendo suficiente para repor os níveis de corpos d’água. E o cenário não é exclusivo de Jundiaí, também é observado em outros rios do Consórcio, que abrange as bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que estão com vazão 35,80% abaixo das médias históricas.
Neste ano, outubro teve 240 milímetros de chuva em Jundiaí, volume maior que a média histórica compilada pela Defesa Civil, que é de 187 milímetros para o mês desde 2012. Em novembro também vem chovendo, 275 milímetros até o momento, o que já representa valor acima da média (236 mm) para o mês, reforço que ajudou a represa de Jundiaí a alcançar 77% de sua capacidade, de acordo com a DAE.
Guardar, como outros bens
Apesar disso, corpos d’água têm níveis abaixo da média e a explicação, segundo a assistente de projetos e uma das responsáveis pelo Boletim Hidrológico do PCJ, Mariane Leme, é a irregularidade da água. “No mês de outubro, tivemos chuva acima da média, mas aconteceram em apenas nove dias, e em 22 dias não houve chuva. Ao longo dos anos, temos tido períodos de estiagem menos úmidos, com concentração menor de chuva. E, quando há chuva, ela é concentrada em poucos dias, ou até horas, então não há uma infiltração adequada”, observa.
Na região, os municípios vêm investindo em infraestrutura para captação, armazenamento e distribuição de água. Por exemplo, Jundiaí tem projeto para a ampliação da represa principal e Várzea Paulista terá uma nova adutora. E isso, segundo Mariane, é necessário. “Isso é recomendado, que municípios adotem outras infraestruturas físicas, como armazenar água da chuva, reduzir perdas na distribuição, e até estruturas subjetivas, como a conscientização da população quando há estiagem.”
“As estiagens estão mais intensas e as represas dão conta, mas é necessário que tenham um bom dimensionamento. Muitos municípios ainda têm pequenas represas antigas, de décadas atrás, que não têm nível de captação adequado. Não é interessante, por exemplo, captar água do fundo da represa e nem diretamente de rios, porque isso dificulta o tratamento e pode afetar equipamentos. Hoje existem níveis corretos para captar água e, com a estiagem, a represa pode baixar e dificultar isso, mas não é nada catastrófico”, diz a assistente de projetos sobre as represas serem boas opções para municípios.
Já em relação à população, Mariane orienta que cada residência também pode ter uma captação de água de chuvas, que sana necessidades específicas, mas já ajuda em relação ao consumo. “É algo simples, que pode ser feito com calhas e um tanque ou caixa d’água e é viável no Brasil por ter uma época de chuva com quantidade considerável de água que pode ser armazenada, mas as pessoas precisam de mais informação. Essa água não pode ser usada para beber, por exemplo, tem usos específicos, é necessário o cuidado em relação à dengue. Tem que haver uma capacitação da população de modo geral, para que saibam como utilizar um sistema como este.”
Problema geral
Ainda de acordo com o Boletim Hidrológico do Consórcio, mesmo com as chuvas de outubro, as vazões dos rios das Bacias PCJ estão 35,80% abaixo das médias históricas. Outro local com abastecimento abaixo do esperado é o Sistema Cantareira, que encerrou o mês passado com 46,6% do volume útil armazenado, que o deixa ainda na faixa de operação em “Atenção”. No mesmo mês do ano passado ele operava 72,9%.
Também, houve variação de temperatura, que pode afetar os ecossistemas locais. O boletim aponta que as Bacias PCJ apresentaram variações na temperatura entre 0,2ºC e 0,6ºC acima da média. Ainda segundo o Consórcio PCJ, é necessária atenção à previsão para os próximos meses, que é de ocorrência do fenômeno “La Niña”, o que pode ocasionar precipitações abaixo da média na nossa região.