Taxação em compras quebra costume de apps

As compras feitas em aplicativos de importação ganharam popularidade na pandemia e caíram no gosto dos brasileiros por principalmente dois motivos: os preços e a comodidade. No entanto, estes aplicativos serão diretamente impactados pela medida provisória que vem sendo produzida pelo governo federal.

Até então, as compras internacionais, feitas por pessoas físicas, só eram taxadas se o valor excedesse US$ 50. Acima disso, é cobrada uma taxa de 60% sobre o valor do produto. Ou seja, se uma pessoa faz uma compra de US$ 60, ela passará a custar US$ 96 com a taxa, na cotação atual da moeda, R$ 474,24. Com a mudança, não haverá mais valor mínimo para taxação e uma peça de roupa, por exemplo, comparada do exterior por R$ 50, passará a custar R$ 80.

De acordo com a Conversion, agência de SEO (ranqueamento de informações on-line), dos 10 e-commerces mais acessados no Brasil em março (Mercado Livre; Shopee; Shein; Ifood; AliExpress; Magalu; Amazon; Americanas; Azul; e Casas Bahia), quatro trabalham com venda internacional direta (Shopee; Shein; AliExpress; e Amazon)

RECEPÇÃO

Analista, Sonia Bastos Silva, de 56 anos, será impactada pela mudança. “Já fiz compra que taxou e cancelei. Na Shopee geralmente eu compro até R$ 100, Shein e Amazon eu gasto um pouco mais. AliExpress eu usava também e outros da China, que até já desinstalei, porque não vai mais valer a pena. O dólar está alto e são várias taxas. Acompanho sempre os aplicativos e se procuro um produto, vou vendo até abaixar o preço. Às vezes calha de ser duas, três vezes na semana e às vezes fico semanas sem comprar. Compro coisas para casa, para mim, para dar de presente.”

Sonia custou a acreditar que a mudança seria real. “A princípio, eu não acreditei que taxariam. Tenho uma listinha e vou pesquisando. Parei de usar os aplicativos desde que foi anunciada a taxação, porque fui usar e vi aumento. Até então, achei que não ia acontecer, achei que ia ser só para empresas”, desabafa.

Para ela, o poder de consumo será afetado. “Acho que vai derrubar o consumo, porque a diferença do câmbio é grande, então vai inibir muito o consumidor. Acho que quem é de classe média e baixa vai ser bem impactado. Tem gente que vende produto igual ao do aplicativo, só que mais caro, então não vai compensar para essas lojas físicas que fazem a importação.”

O principal motivo para as compras que fazia na China era, de fato, o preço mais baixo. “Se no aplicativo eu comprava cinco, seis produtos, na loja física, o mesmo produto, mas sendo nacional, compro só um com o mesmo valor. Tudo on-line é mais em conta. Fim de ano eu só comprei presentes on-line. No site da Shopee tem várias lojas brasileiras que também têm produtos importados. Elas também serão afetadas, não vai mais compensar manter as lojas.”

Assistente de compras, Adriano Andrade, de 30 anos, também é motivado pelo preço. “Uso principalmente Shopee e Shein. Comecei durante a pandemia. A princípio, faço compra toda semana, o principal atrativo é o frete, que é grátis ou mais baixo, e o valor, que também é mais baixo.”

“Não gostei da taxação, acho que ninguém gostou. Dependendo do que for decidido, essa taxa é de 60%. Vou deixar de comprar importado. Se não tenho pressa, compro importado, por ser mais barato. Se taxar, compro nacional, por causa do tempo de entrega. Acho que a gente vai comprar mais nacional e isso ajuda a economia, é o lado bom”, conclui.

De todo modo, o costume de comprar on-line continuará. “Acho que comprar on-line é mais prático e acessível, é sempre um pouco mais barato que na loja física, não pego fila, é mais prático, prefiro.”

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